A Grande Crise

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A historiadora Edinéia Mascarenhas Dias, que investigou o Ciclo da Borracha no seu apogeu, em sua primeira dissertação acadêmica, “A ilusão do fausto”, questiona o alcance da crise no cotidiano da população como um todo. Em seu depoimento para o Memorial Petronio Augusto Pinheiro, ela pergunta: “Quem foi atingido por essa crise? E, principalmente essa cronologia que se atribui à crise da borracha. Por que 1912? A impressão que dá é que a borracha desaparece da região. Vamos considerar a região mesmo, não só o Amazonas, mas a região amazônica, porque o Pará e o Acre concorriam igualmente na produção da borracha com o Amazonas nesse período. É como se o produto tivesse desaparecido do comércio nacional e internacional. Isso não é verdade. A borracha continua sendo produzida, sendo extraída, a borracha continua sendo comercializada, juntamente com todos os outros produtos nativos que acompanharam a história da economia amazônica, da economia da região. Então, verificando uma documentação, guia de embarque, de exportação, a própria fala dos governantes da época, a borracha continuava dando um bom resultado. Continuava sendo um produto de peso na balança comercial do Estado, tanto do Amazonas quanto do Pará. Isso é um dado, isso é um fato, continuava sendo comercializada. Essa crise de 1912, que se atribui como se ela tivesse desaparecido do mapa econômico, verificando melhor, o que se percebe é que ela vai sofrer um baque maior, nessa dinâmica comercial, a partir de 1917, com a Primeira Guerra, onde houve efetivamente a impossibilidade da manutenção dessa dinâmica. Quer dizer, não foi porque a borracha caiu que a borracha desapareceu. Foi a impossibilidade de se continuar fazendo a comercialização por causa do transporte”, afirmou Mascarenhas.